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Foto do escritorArmadura de Ester

Desprezada por Fora, Fiel por Dentro

Atualizado: 28 de ago. de 2018

Jacó deitou-se também com Raquel, e amou a Raquel muito mais do que a Lia… Génesis 29:30

No primeiro livro de Moisés podemos ler o relato de uma história, um verdadeiro romance, onde Jacó se compromete a trabalhar sete anos para Labão, de modo a poder ter a mão da sua filha mais nova, Raquel, em casamento. Ao fim desses sete anos Jacó é enganado, recebendo a filha mais velha por esposa, Lia, em vez daquela por quem tinha trabalhado tão afincadamente. Jacó acaba por casar, passado uma semana, com Raquel, mas é lhe proposto que trabalhe por mais 7 anos para ter direito àquela que o seu coração realmente desejava, e Jacó aceita. Que história! Que amor! Mas hoje é sobre desprezo que te quero falar. Sim, desprezo. Deixa-me contar-te a história de Lia. Lia, dizem as Escrituras, não era tão formosa como Raquel, e isto por si só, dá-nos a entender que Lia começa a história já em desvantagem – e nós mulheres que o digamos! Em seguida é dada em casamento a um homem que trabalhou sete anos para ter o direito a casar com outra - a que realmente amava. Quase que consigo sentir a sua dor: ser dada em casamento a um homem, sabendo que nunca teria o seu coração; sabendo que nunca seria amada.

Consegues imaginar? Sabes aquele desejo, escondido no teu coração, de um amor incondicional? Lia nunca seria “a tal” do seu próprio marido. No entanto, Deus vê o coração de Lia. Deus está atento ao teu e ao meu coração também! Por vezes podemos pensar que Deus não dá importância aos pequenos desgostos do nosso coração, mas Ele dá! O Deus que desenhou as galáxias também é sensível às borboletas que te fazem cócegas na barriga.

Quando o Senhor viu que Lia era desprezada, abriu a sua madre, mas Raquel era estéril. Génesis 29:3

Em primeira instância podemos pensar que Deus lhe permitiu ter filhos como uma espécie de prémio de consolação. Algo que a fosse manter distraída para o facto de ser desprezada pelo seu marido, mas permite-me levar-te até Deuteronómio.

Se um homem tiver duas mulheres, uma a quem ama e outra a quem não ama, e ambas lhe derem filhos, e o primogénito for filho da desprezada, no dia em que repartir os bens entre seus filhos, não poderá dar o direito de primogenitura ao filho da amada, preferindo-o ao filho da desprezada, que é primogénito. Mas reconhecerá por primogénito o filho da mulher não amada, dando-lhe porção dobrada dos bens. Esse filho é o primeiro fruto do seu vigor, e a ele pertence o direito de primogenitura. Deuteronómio  21:15-17

Reparem: Segundo a lei, Lia teria o futuro assegurado, garantindo que não seria de novo desprezada, desta vez por causa do filho. Ou seja, Deus decide dar-lhe o filho primogénito, porque pela lei, Jacó era obrigado a dar a primogenitura ao primeiro filho de Lia, não podendo negar-lhe este direito pelo facto de não amar a sua mãe, e assim beneficiar o filho da esposa amada. No entanto, desta forma, Deus apenas garantia que Lia não sofresse de novo, não que seria feliz. Então era necessário fazer alguma coisa que acalmasse a tempestade no seu coração. Deus preocupa-se connosco, não apenas o suficiente para evitar que soframos de novo, mas o bastante para reconstruir o nosso coração despedaçado, e fazer-nos saber que somos amados.  Foi isso que Ele fez com Lia.

E concebeu Lia, e teve um filho, e chamou o seu nome Rúben (lit. Eis Um Filho), dizendo: Porque o Senhor atendeu à minha aflição. Por isso, agora me amará o meu marido. Génesis 29:32

Lia não entendeu o plano de Deus à primeira, na verdade pensou que Deus lhe estava a dar um filho, para que dessa forma o seu marido nutrisse mais amor por ela, do que pela outra esposa, que ainda era estéril. Mas os planos de Deus são bem mais altos que os nossos, e não era esse o Seu propósito. Lia ainda teve mais dois filhos, Simeão, que significa Ouvindo, e Levi, que significa Junto. Nesta terceira gravidez Lia exclama: "Agora, esta vez se ajuntará meu marido comigo", mostrando ainda uma grande angustia e esperança de que o Seu marido a venha a amar. É então que Lia engravida uma quarta vez, e o seu entendimento muda.

E concebeu outra vez e teve um filho, dizendo: Esta vez louvarei ao SENHOR. Por isso chamou o seu nome Judá (que significa Louvor); e cessou de ter filhos. Génesis 29:35

Repara que se Lia tivesse tido apenas um, ou dois, ou até três filhos, ela continuava a sentir-se desprezada, e sem entender o propósito de Deus na sua vida. Era necessário passar por este longo e doloroso processo para que Lia aprendesse que ela tinha valor, mas o seu valor não se prendia em quantos filhos ela tinha, ou no quanto o seu marido a amava. Lia entendeu que a sua identidade estava em Deus, e no quanto Ele a amava, e via potencial nela. O mesmo se passa contigo. O teu valor não se restringe àquilo que tu já fizeste, ou que ainda vais fazer, nem em quantos amigos tens no Facebook, ou likes na tua foto de perfil. Tu és de grande valor, porque Deus te ama, e porque embora Ele conheça o teu pecado, Ele chama-te pelo teu nome. Quando Lia entendeu isto, a sua reação natural foi louvar Este grande Deus que cuida de todas as áreas da nossa vida, inclusivé da área sentimental. O mais espetacular é que a história de Lia não acaba por aqui. Por ter sido fiel, Lia foi honrada em fazer parte da linhagem messiânica. O "Leão da Tribo de Judá", Jesus, o Messias, é descendente do seu filho Judá, e a linhagem dos sacerdotes descendem do seu filho Levi. Embora ela fosse desprezada pela sua beleza exterior, o olhar cuidadoso de Deus viu no seu interior grande valor, e decidiu que cumpriria os Seus planos nela. Que também nós possamos cultivar a nossa beleza interior e deixar o Senhor preparar o terreno do nosso coração de modo a poder cumprir o Seu plano em nós.

Porque eu bem sei os pensamentos que penso de vós, diz o SENHOR; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que esperais. Jeremias 29:11
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